Os dispositivos móveis já deixaram há muito de ser luxo. Além de estarem cada vez mais baratos, um número cada vez maior não só profissionais precisam de seus celulares, PDAs ou notebooks 24 horas por dia por perto. Por aliarem tamanho reduzido e diversidade de funções, desde aplicativos de escritório como editores de texto a até recursos multimídia como gravação e execução de arquivos de áudio e vídeo, muitos modelos passaram a oferecer a possibilidade de expansão da capacidade de armazenamento de dados por meio de cartões de memória.
Baseados na tecnologia “Flash”, criada no Japão pela Toshiba em 1984, os cartões são memórias do tipo não volátil (isto é, que não dependem de uma fonte permanente de energia para manter dados a salvo). Descendentes diretas das EEPROM (Electrically Erasable Programable Read-only Memory ou Memória Somente de Leitura Programável e Apagável Eletricamente), as memórias flash têm como principal característica permitir a gravação e leitura de dados aleatoriamente, sem que seja preciso respeitar uma ordem prévia. Isso não ocorre nos discos rígidos, já que eles são um sistema que exige que a cabeça de leitura sempre “leia” todos os dados escritos antes da informação procurada. Isso quer dizer que as memórias flash permitem acessar mais rapidamente informações e com baixo consumo de energia.
Vários padrões
Por não existir um padrão único para memórias flash (ao contrário do que ocorre com os CDs e DVDs, por exemplo) muitas vezes os usuários se vêem perdidos com a enorme quantidade de siglas, marcas e tecnologias disponíveis. Junte isso à freqüência quase dioturna com que a indústria anuncia novidades na área para criar um quadro onde o consumidor parece não saber bem quando vale a pena mesmo investir em uma expansão de memória, nem mesmo qual comprar.
Antes de tudo, é preciso dar uma dica que pode soar óbvia: é preciso estar atento aos tipos de memória compatíveis com o seu aparelho. Por descuido, distração ou até preguiça, muitos consumidores não consultam o manual técnico do equipamento e acabam comprando uma memória que, mesmo sendo um dos modelos mais avançados e recentes do mercado, simplesmente é incompatível com o gadget. Além disso, há modelos de celulares e smartphones que utilizam mais de um tipo de cartão de memória, o que exige um cuidado maior, pois cada tipo de memória tem suas vantagens de desvantagens (mais abaixo falaremos sobre isso). Para descobrir com qual memória seu gadget é compatível, verifique o manual do usuário do equipamento.
Pra que serve?
O segundo passo é identificar a finalidade do seu equipamento. Vamos tomar como exemplo um smartphone com câmera câmera de 1,3 megapixel configurado para salvar fotos com tamanho e resolução máximos. Os celulares, da mesma forma que os computadores, usam a memória não só para guardar os arquivos gerados pelo usuário, como fotos, vídeos e documentos, por exemplo. Para isso, os aparelhos contam com uma determinada quantidade de memória interna, geralmente pequena, de até algumas centenas de megabytes. Se porventura seu interesse é apenas trabalhar com arquivos de texto, sejam eles e-mails ou documentos em Word, não será preciso investir em memória, já que muitos telefones vêm de fábrica acompanhados de um cartão, usualmente com 128 MB de espaço.
Caso você cultive o hábito de fotografar ou gravar vídeos, aí sim seria interessante comprar cartões mais espaçosos. Dependendo do modelo, caso o aparelho esteja ajustado como explicado no parágrafo anterior, cada uma das fotografias no formato JPEG, um dos mais populares, poderão ter um tamanho de até 500 KB. Já os vídeos em MPEG certamente serão bem maiores, mesmo os de curta duração (de 15 a 30 segundos).
Os formatos
No mercado de câmeras digitais, há uma verdadeira babel de formatos de memória flash. Alguns fabricantes como a Sony têm como padrão o Memory Stick. Já a Olympus usa cartões xD picture. A Kodak, quando entrou no mercado digital, costumava usar cartões Compact Flash e mais tarde decidiu substituí-los pelos formatos MultiMedia Card (MMC) e Secure Digital (SD), atualmente o padrão mais freqüente em suas câmeras.
Felizmente, essa situação não se repete no setor dos Palms, handhelds e celulares, equipamentos que costumam adotar como padrão os formatos MMC e SD (a exceção fica para a linha Clié da Sony, que usa Memory Stick, padrão criado pela própria empresa). Graça ao bom senso de alguns fabricantes de câmeras digitais que passaram a adotar os cartões tipo SD, as coisas ficaram mais fáceis, pois ao tirar uma foto na câmera digital tornou-se possível visualizá-la diretamente em um Palm, por exemplo.
Atualmente, os padrões mais utilizados em dispositivos móveis, como smartphones, é o Secure Digital (SD) e o MultiMedia Card (MMC). Confira, a seguir, os formatos de memória flash disponíveis no mercado e para qual tipo de equipamento eles são indicados, além de vantagens e desvantagens de cada um.
CompactFlash Criado pela SanDisk em 1994, o CF chegou a ser adotador por fabricantes como Canon, LG, Philips, Casio, dentre outros. Foi a pioneira nesse mercado e continua sendo uma das memórias flash mais utilizadas. A desvantagem está no seu tamanho (42.8mm x 36.4mm x 3.3mm), bem grande para os padrões atuais.
Capacidades: De 128 MB a 12 GB Taxa de transferência: 20 Mb/s Modelos: CF, CF Type II, CF + e microDrive (micro disco rígido)
Memory StickPadrão desenvolvido pela Sony para armazenar diversos tipos de conteúdo digital, ele é menor do que o CompactFlash e SmartMedia (mede 50mm x 21.5mm x 2.8mm). Possui opção para travar o conteúdo, o que evita que ele seja apagado acidentalmente. O Memory Stick é utilizado em diversos equipamentos, como câmeras digitais Sony, filmadoras DV e Mini DV, além dos PDAs Clié.
Capacidades: 128 MB a 2 GBTaxa de transferência: 160 Mb/sModelos: Memory Stick, Memory Stick Pro, Memory Stick Pro Duo
Miniature CardTambém conhecido como MiniCard, esse foi o padrão estabelecido pela Intel em 1995 e apoiado, na época, por gigantes da indústria como AMD, Fujitsu e Sharp. Mesmo sendo menor que muitos concorrentes (mede 37 mm x 45 mm x 3.5 mm) não resistiu à concorrência dos formatos CompactFlash e SmartMedia, que acabaram por dominar o mercado nos anos 90.
Capacidades: de 8 MB a 64 MBTaxa de transferência: 2 Mb/sModelos: MiniCard
MultiMedia Card (MMC)Por ser compatível com o padrão Secure Digital (SD) e bem menor que seus concorrentes de mesma capacidade (é do tamanho de um selo postal: 24 mm x 32 mm x 1.5 mm), o MultiMedia Card, desenvolvido pela Siemens em parceria com a SanDisk em 1997, é hoje um dos padrões mais utilizado nos dispositivos móveis, como celulares. Como é a única memória flash cujo padrão é aberto, ou seja, qualquer empresa pode promover melhorias na tecnologia (da mesma forma que um software opensource), o MMC é o padrão que tem mais modelos de cartões. Computadores, que já trazem um leitor MMC/SD embutido, a eletrodomésticos como tocadores de DVD e televisores lançados recentemente contam com slots compatíveis. Esse cartão ainda tem uma trava que evita que os dados sejam apagados acidentalmente.
Capacidades: de 16 MB a 4 GBTaxa de transferência: 160 Mb/sModelos: MMC, Reduced Size MMC (RS-MMC), MMC 4x, MMCmobile, secureMMC
Secure Digital (SD)Primeira tentativa de se criar um padrão comum aos fabricantes, o cartão de memória Secure Digital foi desenvolvido pela Panasonic (também conhecida como Matsushita Electronic) em parceria com a Toshiba e a SanDisk e se baseia na tecnologia do MultiMedia Card (MMC). Tanto que os cartões desses dois padrões podem ser lidos um pelo leitor do outro. Pesando apenas duas gramas, possui alta capacidade de armazenamento, de transferência de dados (só perde para o Memory Stick) e baixo consumo de bateria. O SD Card possui trava de segurança e foi feito para competir com o Memory Stick da Sony. Conta com outras duas variações: miniSD e microSD, cujos diferenciais são seus tamanhos físicos reduzidos. Hoje, existem versões de SD de até 8 GB.
Capacidades: de 128 MB a 8 GBTaxa de transferência: 100 Mb/sModelos: SD, miniSD, microSD (cujo primeiro nome de batismo é TransFlash)
SmartMedia
Conhecido inicialmente como Solid State Floppy Disc Card (algo como Cartão de Disco Flexível de Estado Sólido), o cartão SmartMedia foi criado para ser o substituto dos discos flexíveis para PC (há um adaptador que permite a um driver para floppy disc de 3,5 polegadas “ler” SmatMedia que se chama Flash Path). Como essa abordagem mercadológica foi abandonada rapidamente, o padrão chegou a ser adotado por diversas empresas, como a Olympus e a Fuji. Mas ao contrário do CompactFlash, o SmartMedia não evoluiu, o que fez com que essas empresas adotassem outros padrões, como o xD Picture. Embora ambos sejam fisicamente grandes (o SM mede 45 mm × 37 mm × 0.76 mm), enquanto é possível encontrar CFs com até 12 GB, há anos o SmartMedia parou na capacidade máxima de 128 MB e na taxa de transferência de 2 MB, considerada muito baixa.
Capacidades: de 2 MB a 128 MB Taxa de transferência: 2 Mb/s Modelos: SM
xD-PictureUm dos menores cartões do mercado (mede 20 mm × 25 mm × 1,78 mm), o xD-Picture foi lançado em 2002 pela Olympus em parceria com a Fujifilm e a Kodak, empresas que adotaram o padrão para seus equipamentos fotográficos. É um dos cartões que conta com mais adaptadores para outros padrões de leitores, incluindo CompactFlash e SmartMedia. Pena que não oferece boa taxa de transferência.
Capacidades: de 16 MB a 8 GBTaxa de transferência: 5 Mb/sModelos: xD-Picture, xD-Picture Type M, xD-Picture Type H.